segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Música, teatro, dança, cinema, oficinas culturais...

Jornal da Cidade publica matéria sobre os Pontos de Cultura. 

O Instituto Acesso Popular está aqui >

Despertar cultural
Em uma tarde do distante ano de 1992, Renato Magú, até então conhecido como Renato Moreira, passava pela Praça Rui Barbosa quando observou um grupo de pessoas que fazia exibições de hip hop. Parou. Gostou do que viu. Aderiu à causa e não parou mais.
É justamente dar a oportunidade a outras pessoas de despertar para a cultura hip hop que Renato Magú pretende com o projeto hip hop – Arte e cultura na construção de uma nova realidade social, proposto pelo Instituto Acesso Popular de Educação, Cultura e Política, e contemplado pelo projeto Pontos de Cultura.
“O hip hop é um veículo muito forte de comunicação com a periferia. O rap, o break, o grafite e o DJ, que são os quatro pilares do movimento, falam muito às comunidades e são completamente carregados de cultura e conhecimento. Oferecer este caminho às pessoas permite um despertar cultural”, explica.
Para alcançar o tão sonhado objetivo, o Instituto Acesso Popular pretende iniciar os trabalhos mapeando o cenário hip hop em Bauru, o que permitirá identificar os grupos que atuam no segmento e as ações  desenvolvidas. Além disso, está nos planos do grupo revitalizar o centro da cidade por meio do grafite,  gravar coletâneas com grupos de rap locais e realizar oficinas de rap, break, grafite e DJ.
“Com todo o material coletado e produzido em mãos, vamos encerrar o projeto com um grande  documentário sobre o hip hop em Bauru”, conclui Renato Magú. (WF)

 Instituto Acesso Popular quer revitalizar
Centro da cidade com trabalhos de grafite



Vejam na íntegra todos os pontos > http://www.jcdigital.com.br/flip/Edicoes/15110%3D28-08-2011/66.PDF


Protesto do MST toma ruas de Bauru

Aos membros do grupo, que estavam em fazenda de Borebi, juntaram-se representantes de vários assentamentos paulistas

Tânia Morbi - Jornal da Cidade 27/08/11

Com gritos como “MST, a luta é pra valer”, “Se o campo não planta, a cidade não janta”, e “Reforma agrária já, já, já”, cerca de 450 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) realizaram ontem à tarde uma grande manifestação que parou o Centro de Bauru. A manifestação faz parte da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, organizada em todo o País pelo MST, e que na região questiona especialmente a propriedade da Fazenda Santo Henrique pela empresa Cutrale. O MST considera as terras como públicas, assim como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
          Saídos da fazenda próxima a Iaras, cuja desocupação foi determinada pela Justiça e executada por volta das 11h30 desta sexta-feira pela Polícia Militar, homens, mulheres, jovens e idosos chegaram à cidade em um ônibus e, a partir do início da avenida Nações Unidas, passaram a marchar a pé em direção à Câmara de Vereadores pela avenida Rodrigues Alves. 
          Acompanhados de perto  por cerca de 40 policiais militares, que tiveram trabalho para organizar o trânsito principalmente nas ruas paralelas à Rodrigues Alves, os trabalhadores marcharam ao som de hinos populares executados por dois carros de som, mas também sob muitos gritos de incentivos e frases de efeito, que ecoavam entre as vozes e os instrumentos musicais que carregavam, como pandeiro e surdo, usados para animar os integrantes da marcha.

 Manifestantes passaram pela Nações e Rodrigues Alves

       A manifestação teve o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e dos Sindicatos dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo (Sinergia) e dos Bancários de Bauru.
Dois anos depois de virar notícia em todo mundo pela destruição da mesma fazenda, o MST voltou a ocupar a sede e a lavoura da Santo Henrique, na região de Borebi, na última segunda-feira. A mobilização de ontem também teve o propósito, segundo dirigentes ouvidos, de melhorar a imagem do movimento diante da opinião pública.
Integrante da comissão que organizou a manifestação, Claudete Pereira de Souza, 32 anos, disse que o grupo que ocupava a fazenda em Borebi, ainda não tinha decidido para onde iria depois da passeata e da audiência.
“Nosso principal objetivo é denunciar o uso das terras públicas da região. Podemos voltar para Cutrale, para capital ou ocupar órgãos públicos, como ir para um dos assentamentos da região”, afirmou.

Reforma agrária
O coordenador da CUT de Bauru, Francisco Wagner Monteiro, defendeu a manifestação. “A manifestação é contra o que ocorre na fazenda de Borebi, onde a Cutrale se aproveita da terra sem pagar nada. A CUT entende que o MST está certo. A CUT entende que essa área precisa ser destinada à reforma agrária para que não
seja preciso outras manifestações como essa”, disse.
No final da tarde de ontem, a assessoria de imprensa da Cutrale enviou uma nota
dizendo que os integrantes do movimento haviam desocupado a fazenda. “As atividades serão retomadas o mais rápido possível. A empresa garante aos colaboradores os salários dos dias em que ficaram impedidos de trabalhar em razão desta invasão, para que não tenham prejuízos. A empresa só poderá informar prejuízos após levantamento e inventário das condições da fazenda”, encerra a nota.



Audiência pública
Já no Legislativo, o grupo foi recebido pelo vereador Roque Ferreira (PT) e pela Secretaria de Assistência Social (Sebes) Darlene Tendolo, que representou o prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB). Agostinho participava de uma audiência no Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), que debateu a Lei do Cerrado.

                                            Deputado Simão Pedro, Fábio Tomás e Roque Ferreira

Representando o grupo  que estava na fazenda de Borebi e do assentamento de Iaras, além de assentamentos de várias partes do Estado de São Paulo, como Andradina, Promissão, Campinas, Ribeirão Preto e Pontal do Paranapanema, entre outros, cerca de 150 integrantes do MST participaram de uma audiência pública no plenário da Câmara, que contou com a participação do Assessor Nacional e Presidente Substituto do Incra Luciano Brunet, do deputado federal Ivan Valente (PSOL), deputado estadual Simão Pedro (PT), Secretário Nacional da Reforma Agrária do PT Antonio Storel e do Secretário de Movimentos Populares e Políticas Setoriais do PT de São Paulo Wellington Diniz Monteiro. Os outros manifestantes esperaram do lado de fora.
A audiência foi presidida por Roque, que teve ao seu lado Cláudia Praxedes e Fábio Tomás, da direção estadual do MST. A primeira a se pronunciar foi a secretária de Assistência Social, que lembrou a parceria mantida entre a prefeitura de Bauru, através da Sebes, os agricultores do assentamento de Brasília Paulista, através da Oscip Instituto Acesso Popular, e Governo Federal, através da Cohab. 26 famílias estão assentadas no local. A produção de legumes, verduras e frutas é paga pelo governo federal e distribuída gratuitamente entre famílias carentes e entidades sociais da cidade.
Depois falou o secretário Storel, que fez uma longa apresentação sobre as terras consideradas públicas pelo Incra na região e sua ocupação. O deputado Simão Pedro questionou o Poder Judiciário sobre as decisões favoráveis às grandes empresas. (TM)

Para deputado, a bancada ruralista atrapalha
O deputado federal Ivan Valente (PSOL) acompanhou a chegada dos manifestantes do MST à Câmara de Bauru. Acompanhado pelo vereador Roque Ferreira (PT), cumprimentou dirigentes e organizadores do movimento.
Valente fez duras críticas ao uso das terras da fazenda Santo Henrique pela
Cutrale e acusou a bancada ruralista, do Congresso Nacional, pela uso indevido das
terras públicas.
“Estive em Iaras várias vezes e entendo que a terra foi grilada pela Cutrale. Isso é demonstrado pelas ações movidas pelo próprio Incra contra a Cutrale. O que houve foi uma campanha muito forte contra a ocupação dessas terras que propiciou até uma CPI na Câmara Federal, da qual participei, e fui contrário, pela campanha puxada principalmente pelo DEM (partido Democratas), que bombardeou o MST e jogou nuvem de fumaça na questão central, que não é plantar laranja para exportação ou arroz e feijão, mas sim, que as terras são públicas e o governo devia
utilizar terras públicas para a reforma agrária. Essa ocupação tem simbologia para mostrar que há uma impunidade, ou seja, o Incra vai à Justiça, a Justiça em primeira instância diz alguma coisa, mas claramente, as terras são públicas e é por isso que os trabalhadores rurais sem terra têm razão ao reivindicar as terras pra reforma agrária. A simbologia é grande tanto que a Cutrale até agora não respondeu se a terra é pública ou não. Ela só entra na Justiça para desocupar”, disse. (TM)

‘Falta de dinheiro e legislação barram o Incra’
Segundo Luciano Brunet, Assessor Nacional e Presidente Substituto do Incra, o Instituto dispões atualmente em decretos para desapropriação no valor aproximado de R$ 1,1 bilhão, enquanto seu orçamento é aproximadamente a metade desse valor.
A afirmação expõe uma das dificuldades do órgão em promover a reforma agrária. Além da falta de recursos, a legislação emperra o processo. “O custo hoje de trazer o índice da concentração de terra que hoje estaria em ais de 50% nas mãos das grandes propriedades, significaria um custo quase impossível de ser praticado, mas nosso primeiro problema é legal, por que o que deveria ser rito sumário se transformou em um ritual de ou anos. Há uma batalha legal para ser feita no sentido de colocar instrumentos de desapropriação para fazer a reforma agrária que sejam mais ágeis e eficazes, e há o problema de priorização do orçamento e de foco”.
Apesar disso, o Assessor defendeu que não falta apoio do governo federal na promoção da reforma. Para ele, a reformulação da entidade é mais importante e deve fortalecer sua atuação nacional.
“O problema está mais na sua reestruturação do que exatamente dizer que não há apoio do governo federal”. Sobre a devolução por parte da presidente Dilma Rousseff de decretos do Incra, Brunet defendeu que não falta apoio por parte do governo federal. (TM)

Luciano Brunet, do Incra, defende fortalecimento regional